Escolas da PUC discutem fake news

Um debate sobre a repercussão das fake news na sociedade, gestão da informação e procedimentos de proteção em ambientes digitais. A partir desse contexto, a Escola de Comunicação da PUC Goiás abriu na manhã desta terça-feira, 24, no Teatro PUC, a primeira edição do Seminário Mídia, Pós-Verdade e Fake News, com a presença de docentes e profissionais da Comunicação, Relações Internacionais e Direito.

O evento foi aberto pela diretora da Escola de Comunicação, profa. Sabrina Moreira, que reforçou a proposta de transversalidade dos temas discutidos e o protagonismo dos estudantes na organização do evento. “Existe um componente de formação do publicitário e do jornalista que exige essa preparação para trabalhar com a realidade no mercado. Pensado a partir das disciplinas, o evento é resultado desse processo”, declarou.

Coordenador do curso de Jornalismo, o docente Antônio Carlos Borges Cunha, fez uma reflexão sobre o tema principal do evento, pontuando que as fake news são um fenômeno mundial e exigem um olhar crítico: “muito nos preocupa quando convicções pessoais ou de grupos se sobrepõem aos fatos objetivos. Em ano eleitoral, é importante se afastar um pouco dessas paixões que são próximas daquilo que a gente se identifica, e ter acesso a um conhecimento problematizado acerca da nossa realidade”, afirmou.

O docente colocou essa necessidade como uma demanda ética e fez um convite ao público. “Que possamos corresponder as essas expectativas, sem nenhuma pretensão ou ideia superlativa de que iremos resolver todas as questões do mundo, mas que possamos sair daqui mais diferentes e melhores do que entramos’, complementou.

No turno matutino, as discussões foram mediadas pelo docente da disciplina de Estudos Contemporâneos em Jornalismo, prof. Rogério Borges, que destacou a proposta do evento de reciclar conhecimentos, além de possibilitar que acadêmicos do Jornalismo e da Publicidade dialoguem com outras áreas.

Dando início ao debate, o coordenador de MBA e de diversas instituições de ensino, Leonardo Diogo Silva, atentou sobre as veladas fake news presentes no comportamento das pessoas, como, por exemplo, falsificar informações no currículo para concorrer a uma vaga de emprego, ou o compartilhamento de notícias falsas nas redes sociais, mesmo sabendo que não são verdadeiras para entrar na “zoeira”. Ele também atentou sobre os interesses comerciais por trás do tema e citou alguns sites que se mantém exclusivamente de falsas notícias.

Em seguida, a jornalista Fabrícia Hamu, que também atua no ramo de gestão de reputação, observou um aumento, nos últimos anos, de pessoas e instituições que foram lesadas com notícias falsas. Ela sugeriu uma postura cidadã de empatia para com as pessoas que são vítimas de fake news por terem sua integridade ferida, além das consequências psicológicas para toda a família, que também sofre com a exposição e repercussão na esfera social e digital.

Posteriormente, a coordenadora do curso de Relações Internacionais, profa. Aline Borghi trouxe uma revisão bibliográfica sobre as pesquisas que investigam a construção social da realidade, citando os estudos dos sociólogos Peter Berger e Thomas Luckmann, além de refletir sobre as consequências das ditas verdades absolutas e seu impacto internacional.

Fechando a primeira rodada de reflexões, o docente da graduação e pós-graduação em Direito da universidade, prof. Eduardo Barbieri, atentou sobre o vínculo da imprensa com o mundo político, além de refletir sobre os aspectos jurídicos que envolvem o tema. “A mentira é o contrário da ética e a liberdade de expressão tem um limite. Esse limite é o ato ilícito”, pontuou.

O evento continua no turno noturno, no mesmo local, das 19h às 22 horas.O coordenador do curso de Jornalismo da instituição, prof. Antônio Carlos Cunha, media debate sobre a ética profissional, desinformação como arma política e a reação de veículos de referência ao fenômeno. Participam da conversa, o doutor em Filosofia pela UFMG, Rodrigo Cássio Oliveira; a diretora de Negócios Digitais do Grupo Jaime Câmara, Arenusa Goulart, o jornalista Vassil Oliveira e a professora de Direito Internacional Privado, Sheyla de Lima Pinheiro.

Fotos: Wagmar Alves