Rede de atenção à mulher é foco de debate na universidade

O cuidado com as mulheres e a importância da rede de atenção pautaram um debate do Programa Interdisciplinar da Mulher, Estudos e Pesquisas (Pimep) da PUC Goiás, realizado nesta terça-feira, 10, no auditório da Área 4 (Praça Universitária), aberto a toda comunidade acadêmica.

Com um olhar interdisciplinar, o evento acolheu profissionais que atuam na causa de proteção à mulher, incluindo delegadas, psicólogas, pesquisadoras e representantes de órgãos públicos, como o Conselho Estadual da Mulher (Conem), para proporcionar aos estudantes uma ampla reflexão sobre o tema, de forma a incentivar a formação humanística do corpo discente.

“A universidade tem o compromisso de formar pessoas para a vida, além dos aspectos científicos e técnicos. É debatendo que a gente reduz a violência contra a mulher, não queremos ser o terceiro estado mais violento do País”, atentou a coordenadora do Pimep, profa. Luciene Campos Falcão.

O Programa, criado em 1992, marca o pioneirismo da PUC Goiás ao ser, a partir dessa data, a primeira universidade goiana a elaborar estudos e pesquisas de gênero, envolvendo docentes e estudantes da graduação e pós-graduação.

Debate

A psicóloga e policial civil, Aliciana Oliveira, iniciou o evento apontando algumas ações desenvolvidas pela Polícia Civil para melhorar o atendimento aos casos de violência contra a mulher. Um exemplo foi o projeto concretizado no ano de 2019, quando foi criado um setor de Psicologia dentro da 1° Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher). Devido à grande demanda dos casos de agressão doméstica, a psicóloga, juntamente com outros delegados, viu a necessidade de proporcionar uma rede de apoio para essas vítimas, com o objetivo de tranquilizar, passar um sentimento de acolhimento à mulher em situação de violência, além de realizar uma perícia psicológica.

Mapa da violência

As estatísticas aumentaram no último ano, segundo dados partilhados pela titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), delegada Paula Meotti: em 2018, foram registrados 36 feminicídios em Goiás e, no ano passado, o número subiu para 40.“São números expressivos, porque mesmo se fossem duas mulheres que tivessem morrido em razão da condição de sexo feminino, sabemos que é muito. É algo que demanda uma reflexão por parte da sociedade e da academia também, porque os universitários têm a missão de analisar esse processo, compreendê-lo e fazerem a transformação da sociedade”, declarou a delegada.

Ela também alertou sobre os relacionamentos abusivos, cenário onde a violência se manifesta primeiramente, processo que é fruto de relações interpessoais pautadas por uma sociedade que, muitas vezes, trata a mulher de forma desigual, reforçando comportamentos machistas resultantes em práticas criminais, como a tentativa de lesão corporal e os frequentes feminicídios.

A delegada mencionou, ainda, como a objetificação feminina é perigosa: “essa é a base de boa parte dos crimes de violência contra mulher, aquela sensação de empoderamento sobre essa pessoa, e como essa pessoa é minha, ela não tem direitos”, refletiu.

Também participaram como palestrantes do evento, as psicólogas, Beth Fernandes, Jacinta Chaves (mestranda da PUC Goiás) e Aliciana Oliveira de Freitas (Delegacia da Mulher), além da presidente do Conselho Estadual da Mulher (Conem), Ana Rita de Castro. Ao final, foram abertas perguntas ao público.

(Texto: Com colaboração de Laydiane Faria, estagiária do curso de Jornalismo)