Realidade de habitações no país é abordada em aula inaugural no Teatro PUC

Com o objetivo de difundir dados sobre habitações consideradas precárias e conscientizar para a interface entre a arquitetura e o dia a dia das comunidades, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO) promoveu nesta terça-feira, 28, o primeiro dia de sua aula magna para o semestre. O evento, já em sua nona edição, foi sediado no Teatro PUC, no Câmpus V da universidade, Jardim Goiás, reunindo acadêmicos do curso em Goiânia, professores, pesquisadores e profissionais.

Para o coordenador do curso na Escola de Artes e Arquitetura da PUC Goiás, professor Roberto Cintra, a discussão sobre a habitação visando o bem-comum é fundamental. Sobre a aproximação do Conselho com a academia, o coordenador considera como um grande avanço. “É uma tarefa que o CAU/GO incorporou, de não trabalhar só com os profissionais, mas também com as escolas e os estudantes. Isso faz toda a diferença”, afirmou.

Presidente da instituição, Arnaldo Mascarenhas Braga aproveitou sua fala para dar boas-vindas aos estudantes e incentivar a difusão da arquitetura para o dia a dia das pessoas. “Nós temos dois mundos paralelos, duas realidades. Em nosso planejamento estratégico, elaboramos uma carta de princípios que traz a arquitetura e o urbanismo como algo que esteja no dia a dia das pessoas, de quem poupa uma vida inteira para ter uma casa, de todos”, exclamou. Lembrando ainda que o ofício deve ser pensado não só na parte genial da arquitetura, com grandes e imponentes construções, mas também na parte comum, das habitações. No Brasil, 85% das edificações não contam com assistência de arquitetos ou engenheiros. Em Goiás, o número chega a 90%, segundo dados compartilhados pelo Conselho.

Habitação de Interesse Social

Para trabalhar o tema com os alunos e promover o debate, o arquiteto e professor Caio Santo Amore, do Departamento de Tecnologia da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) e integrante da ONG de assessoria técnica Peabiru, foi o grande convidado.

Além de contar um pouco da sua experiência no terceiro setor e em sala de aula, o profissional destacou a “diversidade de precariedades habitacionais que existem no país” e lembrou que o déficit de moradia é apenas uma parte do problema, apesar de ser priorizado nas políticas públicas.

Ao falar do contato com as comunidades, lembrou a importância da extensão universitária, quando alunos e professores conhecem com mais profundidade as mais diversas realidades. “É nas comunidades é onde a gente aprende muito da profissão”.

Considerando o assunto, Amore ainda elogiou iniciativas como o edital de patrocínio para projetos de Habitação de Interesse Social (HIS) lançado durante o evento pelo CAU/GO. Disponível para consulta a partir do dia 3 de abril, o edital possibilitará a seleção de instituições sem fins lucrativos que elaborem projetos arquitetônicos ou projetos complementares, totalizando R$ 60 mil.

Amanhã, às 9 horas, a aula será sediada em na Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis.

Fotos: Wagmar Alves