Projeto de Alfabetização para Adultos inicia aulas do semestre

Iniciado há três anos, o projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos do Programa de Educação e Cidadania (PEC) da PUC Goiás inicou na tarde desta segunda-feira, 20, as aulas de sua 7ª turma, na Escola de Formação de Professores e Humanidades.

Baseado em um modelo de educação não-formal, o projeto utiliza os espaços da universidade para a alfabetização de adultos de todas as idades, com foco nos objetivos propostos pelos próprios estudantes. “Aqui, seguimos os princípios de Paulo Freire, de ouvi-los e, a partir disso e da observação das necessidades de cada um, planejarmos as aulas para o grupo”, explica a coordenadora do PEC e professora do projeto, Patricia Marcelina Loures.

Oferecido gratuitamente e com fluxo contínuo de matrículas – que podem ser feitas a qualquer momento do semestre – o projeto tem sido fortalecido por meio de parcerias. Monitores voluntários e estagiários auxiliam no acompanhamento dos alunos. Neste semestre, por meio de parceria com o Programa de Direitos Humanos (PDH) da universidade, o grupo de alunos ganha número com o ingresso de pessoas atendidas pelo comitê POP Rua, voltado a pessoas em situação de rua na capital.

“Em geral, os alunos buscam o ensino para superar necessidades bem básicas, que são as que vão ser agentes de mudança na vida deles”, reflete a coordenadora.

Olhos abertos

Dona de casa e diarista, Cláudia Cristina Pereira da Silva, 49, viu a chance de uma nova vida na oportunidade de aprender a ler e escrever. Aluna do projeto desde o ano passado, orgulha-se de já ser mais autônoma no dia a dia. “Eu fui fazer um exame e já sabia ler o nome da clínica, foi muito bom não precisar ficar pedindo ajuda para as pessoas na rua. Às vezes você está em cima da clínica e não consegue perceber. Agora eu sei”, exemplificou. Outro momento vivido foi em um banco. Ao fazer assinar um contrato, viu escrito o nome do ex-marido [Cláudia está em seu segundo casamento] e chamou a atenção do gerente, recusando-se a assinar o documento com o erro. “Hoje sei ler receitas, vou ao supermercado e já sei ler preços, ler datas, coisa que antes eu não sabia, vivia comprando coisas vencidas. Estou muito feliz aqui e pretendo continuar mais. Não saber ler é ser um cego na Terra”, reflete.

Do outro lado do processo, na mesma turma, a professora Juliana Silva de Souza, 32, também comemora o aprendizado. Ex-monitora do projeto, retorna agora como profissional voluntária, após a graduação em Pedagogia. Ao entrar na sala, foi surpreendida pela recepção dos alunos veteranos. “Você Voltou?”, disse-lhe uma aluna, comemorando. “Você acha que eu consigo ficar longe de vocês?”, rebateu.

Para seu retorno voluntário, a pedagoga destaca a oportunidade de aprender a partir da convivência e o vínculo gerado com a turma. “Já estou há um ano e meio acompanhando o desenvolvimento deles. Você acaba criando um vínculo afetivo, mesmo. Mas nem pensei que eles fossem ficar ligados nisso”, diz.

Matrículas

Oportunidade de alfabetização gratuita e com foco no aluno, o projeto recebe inscrições durante todo o ano. Para isso, o futuro aluno deve procurar a sala 111 da Escola de Formação de Professores e Humanidades [Rua 227, n. 3669, Setor Leste Universitário], sempre às segundas-feiras, das 14h às 17 horas.

As orientações serão dadas no local e o aluno poderá fazer uma aula experimental. Informações adicionais podem ser dadas pelo telefone (62) 3946-1175 e pelo email pec.pucgoias@gmail.com.

Fotos: Weslley Cruz