Primeira representante do Alfadown é eleita democraticamente na PUC Goiás

Foram exatas duas horas de espera desde a abertura dos votos na urna eletrônica até o encerramento e a divulgação do candidato eleito. No auditório, além dos três candidatos, os grupos de educandos, pais e voluntários aguardaram ansiosos durante todo o período. Ao fim, os gritos e aplausos para Kamilla Almeida, a primeira representante eleita pelo Alfadown por meio de eleições. Extrovertida, ela aproveitou seu primeiro discurso para agradecer o apoio que recebeu desde o começo da campanha. “Gente, obrigado muito por todo mundo que votou em mim”.

A iniciativa foi planejada e preparada por meses pelo Programa de Referência em Inclusão Social (Pris) da PUC Goiás e contou com o apoio de profissionais da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia e do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO). Palestras, minicursos, atividades lúdicas, acompanhamentos com os candidatos e, por fim, com as eleições realizadas nesta terça-feira, 13, no auditório da Escola de Formação de Professores e Humanidades.

“É um processo mais próximo do real e isso, para nós, é muito importante. O dia de hoje é o resultado de um percurso de aprendizagem para todos nós”, enfatizou a professora articuladora Renata Barreto, que atua no projeto a partir da parceria com a SME.

Processo democrático

Para a escolha do representante dos educandos, um longo processo foi percorrido. Após decidirem que a escolha seguiria o modelo democrático, a partir do padrão de eleições políticas no Brasil, professores e voluntários planejaram capacitações e atividades com os educandos e seus familiares. Fora dos muros da universidade, os familiares e responsáveis se esforçaram para ajudar os candidatos na proposição de soluções para o Alfadown no próximo ano. Na universidade, os educandos tiveram aulas e palestras para reforçarem seu conhecimento sobre cidadania e participação política.

O esforço resultou na candidatura de cinco educandos. Três toparam seguir a disputa até o final. Além de Kamilla, que foi eleita a partir da legenda fictícia Partido Democrático da Inclusão Social (PDIS), também concorreram os colegas Vinicius e Péricles.

Além de participarem do processo de preparação, os responsáveis pelos educandos e os voluntários do projeto foram convidados para a votação, o que resultou no número expressivo de votos: 136. Ao subirem no palco, todos tinham sua identidade conferida a partir da lista cadastral e do título de eleitor produzido especialmente para valer dentro da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Já na cabine de votação, muitos não esconderam a emoção em frente à urna. “Vamos ver a vitória desses meninos hoje”, frisou uma das mães, após o voto. Outra se mostrou arrepiada para quem estava perto. Entre educandos, a reação foi diversa. Dos que expuseram o medo de não saber votar – para a maioria foi a primeira experiência do tipo, mesmo já tendo mais de 16 anos – até os que pularam e correram de alegria por terem o direito de escolher o próximo representante.

“É um momento histórico para o Alfadown. É muito representativo para nós, que lutamos para que a cidadania e a inclusão de fato aconteçam”, afirmou a coordenadora do projeto, professora Luciana Novais.

Presente na eleição e representando a Reitoria, a pró-reitora de Extensão e Apoio Estudantil Márcia de Alencar parabenizou a iniciativa e agradeceu o esforço do Pris na criação de uma rede de parceiros para o fortalecimento da inclusão. “O Pris é um exemplo de que a gente consegue fazer o bem se juntando com quem igualmente quer fazer o bem. O programa se cerca de parceiros que tornam possível essa busca por um mundo mais justo e mais bonito”, frisou.

Eleição para valer

Para além de uma atividade lúdica, as eleições deste dia 13 de novembro trouxeram a público o processo que, a partir de agora, irá escolher anualmente o representante estudantil no Projeto Alfadown, ligado ao Pris. Kamilla será a primeira educanda institucionalmente habilitada para encontrar soluções junto ao projeto e à universidade para melhorar a experiência de todos no Alfadown. Entre as propostas que a fizeram ganhar, estavam a comemoração dos aniversariantes do mês, a articulação com as lanchonetes da Escola para a venda de lanches mais saudáveis, passeios semestrais para os educandos, estímulo ao esporte, incentivo à reciclagem e à prática religiosa.

“A gente fica muito feliz de vir aqui, vendo tantas pessoas maravilhosas exercendo a cidadania”, confessou o secretário da Escola Judiciária Eleitoral (EJE) do TRE-GO, Lafaiete Campos. As eleições desta terça-feira integraram o Programa Eleitor do Futuro, promovido em todo o Brasil pelos Tribunais Regionais. Além da votação em urna eletrônica, com cada candidato tendo seu número, foto e partido exibidos no sistema, o programa também proporciona toda a transparência e rigidez do sistema eleitoral regular.

“Estamos tentando exercitar essa cidadania, contribuir para o entendimento deles de todo esse processo. Muitos deles ainda não votam, mas um até tirou o título após as aulas que demos e quis ter direito ao voto. É muito emocionante”, explicou a coordenadora do Pris na PUC Goiás, professora Juliana Hannum. A parceria com o TRE-GO e a SME se soma a outras que o programa vem desenvolvendo nos últimos anos para a integração do poder público com os projetos de extensão universitária ligados à cidadania e à inclusão na instituição.

Como resultado da eleição histórica, Kamilla, Vinicius e Péricles serão diplomados pelo Tribunal e recebidos, também, em sessão solene, na Câmara Municipal de Goiânia. Os eventos ocorrerão no próximo dia 29 de novembro.

Fotos: Ana Paula Abrão