Pibid da PUC Goiás debate nova base curricular

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tema do Colóquio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) da PUC Goiás, realizado na Escola de Formação de Professores e Humanidades (EFPH) na noite desta sexta-feira, 27. Bolsistas, gestores e docentes participaram do evento, que teve a participação da profa. dra. Josianne Cerasoli, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que abordou as articulações e estratégias em torno da base.

A quarta versão do documento está sendo submetido a novas consultas desde abril deste ano, especificamente no que se refere à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental.  Após a conferência, o público pode fazer perguntas e fomentar o debate. “Queremos discutir em que medida isso [a nova revisão] vai interferir na formação dos alunos e na atuação em sala de aula”, explica a coordenadora institucional do programa, profa. Marcilene Pelegrine Gomes

Segundo ela, hoje, na PUC Goiás, 306 alunos, todos bolsistas. O grupo está envolvido em 11 sub-projetos. “Somos uma das universidades particulares do Centro-Oeste com mais bolsistas”, frisou. Marcilene explica que os graduandos são recebidos por professores da rede pública para desenvolvem seus trabalhos, enquanto na universidade também são orientados por um docente.

Cerco à educação

Diretor da Escola, o prof. Romilson Siqueira coordenou o colóquio e ressaltou que discussão em torno da BNCC desperta questões como a formação de professores a partir da base e, sobretudo, qual base será construída para que os professores possam trabalhar em escolas públicas e privadas. “A BNCC vai se constituir como documento obrigatório a ser cumprido no País inteiro. E ela perpassa conteúdos e áreas do conhecimento muitas delas que vocês fazem parte. É um instrumento curricular, e de gestão, mas, sobretudo, político”, alertou.

Analisando “o entorno político” da base, a profa. Josianne Cerasoli defendeu que o debate em torno da base curricular é fundamental, uma vez que as mudanças no documento podem alterar a formação de estudantes e de educadores.

“Quanto mais espalharmos o debate, melhor. Não podemos olhar apenas tecnicamente para essas mudanças para avaliar se o conteúdo é válido ou não”, explicou ela, professora desde a década de 1990 e doutora em História, com pesquisas focadas em politica urbana e pública.

Na visão dela, existe um cerco à educação se formando e é preciso formular contra-estratégias para o enfrentamento a esses atores. “É necessário observar quem está se movimentando, onde está se movimentando e quais são as estratégias”, comparou.

Na análise dela, o mercado norteia toda a movimentação em torno da nova Base Nacional Curricular.

“Não vejo em nenhum dos discursos ser mencionado o valor humano como peça fundamental da educação, que é algo inegociável. O documento não faz menção à cidadania e à diversidade da maneira que temos escutado nos últimos 20 anos. O que me preocupa é a concepção, porque se fala em modernização, em inovação, em termos bastante genéricos, para reduzir formação, reduzir tempo, ou seja, fazer economia. Uma economia que será ‘paga’ lá na frente, pois fica faltando formação, fica faltando essa dimensão humana”, critica.