Pesquisa de Irene Rizzini traz novo olhar sobre crianças em situação de rua

Uma pesquisa com a metodologia do estudo etnográfico que surgiu na década de 80 do século XX, nas ruas e calçadas, à escuta de pessoas em situação de rua. Pioneira nos estudos sobre a infância, a diretora-presidente do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (Ciespi), da PUC Rio, Irene Rizzini ministrou conferência intitulada Infâncias, adolescências e direitos humanos: pesquisa e políticas públicas, durante o segundo dia de programação do Encontro Inter-Grupos de Pesquisas da PUC Goiás, que reúne pesquisadores dos programas de pós-graduação em Educação, Psicologia e Serviço Social da PUC Goiás, além de professores das redes de ensino, na Área 4 da instituição.

Autora do livro Crianças e adolescentes em conexão com a rua – resultado de 40 anos de pesquisas- a pesquisadora alertou que a discussão sobre esse tema não implica apenas em olhar para quem vive nas ruas, mas também, no macro contexto que a situação revela: a pobreza e a desigualdade social no Brasil causam o limbo entre a casa, a rua e as instituições sociais.

Dessa forma, pensar a conexão das crianças e adolescentes com a rua é considerar os fatores que expulsam as mesmas da comunidade e fazem-nas com que se sintam mais seguras nas ruas, fora das escolas, do convívio familiar e comunitário.

Crianças e adolescentes nas ruas, durante muito tempo, foram criminalizadas, institucionalizadas e, muitas vezes, exterminadas. Estão expostas a toda sorte de violação de direitos e os serviços que deveriam atingir essa população acabam agindo de forma equivocada com recolhimento forçado e internação, seja em instituições de acolhimento, sistema socioeducativo ou instituições de saúde mental”, refletiu. Todo esse processo gera como consequência o esquecimento dessas pessoas no próprio sistema e a possibilidade do direito à convivência familiar deferida.

As discussões do evento continuam no turno vespertino, das 14h às 17 horas, nas Salas Multiuso (Área 4), ocasião em que pesquisadores dos três programas mencionados apresentam pesquisas sobre a infância, adolescência e juventude em contexto de violência, políticas públicas e educação.