Observatório de Mídia discute narrativas jornalísticas
(Texto: Breno Santos, estagiário da Dicom)
A discussão sobre as narrativas jornalísticas pautou o 3º Seminário do Observatório de Mídia, organizado pela Escola de Comunicação (ECOM) da PUC Goiás, na última na segunda-feira, 17 de maio, com transmissão nos turnos matutino e noturno, para contemplar todos os estudantes do curso de Jornalismo.
O debate, que integrou a programação do Ciência em Casa, foi mediado pelo prof. dr. Rogério Borges e, no primeiro momento, contou com a participação da profa. dra. Roseméri Laurindo, da Universidade Regional de Blumenau (FURB), de Santa Catarina e do prof. dr. Dimas Kusch, da Universidade Metodista, de São Paulo. Os docentes embasaram-se nas teorias jornalísticas, fazendo citações a José Marques de Melo e a Luiz Beltrão, autores conceituados da área da Comunicação, especificamente, no campo do Jornalismo, que trouxeram relevantes contribuições para os estudos e pesquisas sobre os gêneros jornalísticos e suas formas de narrativa.
A professora Roseméri, cujo o mentor foi José Marques de Melo (1943-2018), trouxe para o debate explicações sobre a narrativa jornalística diversional, citando como exemplo, o programa Encontro com Fátima Bernardes, transmitido pela Rede Globo, que mescla entretenimento com um conteúdo jornalístico considerado mais leve, fugindo das Hard News.
Para o professor Dimas, que é crítico do formato Hard News, a linguagem jornalística que mais lhe chama a atenção é aquela encontrada nas revistas semanais. De acordo com o pesquisador, esse conteúdo busca fugir das limitações que são impostas aos conteúdos jornalísticos periódicos. “As revistas, desde sua origem, se ligam a um tipo de Jornalismo que busca fugir dessas limitações das notícias curtas, para projetar no campo da reportagem um maior respiro, maior fôlego”, analisou.
Acompanhe o debate completo no vídeo abaixo:
No turno noturno, o tema As narrativas jornalísticas e os meios de se contar uma história marcaram as falas das professoras doutoras, Mônica Martinez, docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (UNISO) e Vera França, docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A professora Mônica, em sua explicação sobre o tema, trouxe uma reflexão sobre a narrativa do Jornalismo Literário no século XXI. “É um formato de prática jornalística que emprega métodos de captação e observação das Ciências Sociais. Uma vez selecionados os dados, eles são ressignificados a partir da experiência do profissional e redigidos com técnicas provenientes da literatura, com o objetivo de criar um relato não-ficcional envolvente, que permite a compreensão aprofundada do tema”, explicou.
A professora Vera França, por sua vez, trouxe uma explicação sobre as narrativas benjaminianas, que fazem alusão ao filósofo Walter Benjamin. Elas mesclam a técnica tradicional da escrita jornalística com as narrativas da contemporaneidade.
“De fato, ao analisarmos o cenário da imprensa, o jornalismo não é o lugar das narrativas no sentido tradicional benjaminiano, ainda mais nos tempos rápidos e de textos enxutos, que nós estamos vivendo. Hoje as pessoas querem textos curtos e dinâmicos, não têm paciência e nem tempo para ficar lendo coisas extensas. Em função disso, a imprensa não é exatamente o lugar onde vamos encontrar essas narrativas, naquele sentido denso que o Benjamin trata”, refletiu.
Confira mais detalhes sobre esse debate no vídeo abaixo: