Mulheres na Ciência: os desafios contra o preconceito
Mês dedicado às mulheres ganhou discussão sobre a nossa participação na ciência. O evento organizado pela Liga de Zoologia da PUC Goiás foi realizado nesta sexta-feira, 15, no Auditório do Bloco S do Câmpus II e reuniu alunos, alunas e professores em busca de compreender quais os impasses para a presença da mulher na ciência.
Segundo Grabrielly Rodrigues Batista, presidente da Liga, o objetivo foi trazer luz a uma questão presente nos bastidores da pesquisa científica, as dificuldades de participação e reconhecimento, o machismo e o assédio, e o preconceito com relação à produção científica feminina. “Esse evento é para mostrar que todo mundo pode ser cientista, mostrar a representatividade na ciência e a importância disso”, afirma ela.
Nos cursos de Biologia do Brasil, 57% das vagas são destinadas às mulheres, segundo dados do Inep/2017. Mas logo após ocupar espaço na universidade, as portas começam a se fechar. O resultado é que apenas 28% das pesquisadoras são mulheres e apenas 3% dos premiados no Nobel eram mulheres. O chamado efeito tesoura retira as perspectivas a partir do gênero dos biólogos.
A professora Mariana Pires de Campos Telles, coordenadora do curso de Biologia da PUC Goiás, esclareceu sobre o papel da mulher na ciência e destacou a importância do resgate a memória sobre história de pioneiras na área e suas contribuições para a Ciência. Histórias que sirvam de inspiração para outras mulheres. Um exemplo, atual, foi o projeto ‘Jovens pesquisadoras – Ciência também é coisa de mulher’, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Outro tópico de destaque foi sobre a configuração atual das academias ainda como um espaço desigual para a atuação do público feminino, que precisa romper barreiras e promover mudança de paradigmas da própria cultura. Por isso a importância de se incentivar e encorajar cientistas, “para que possam acreditar que podem ser se assim quiserem”. Além disso, temas como direitos humanos, violência, assédio e o movimento feminista foram discutidos.
A professora e pesquisadora Kátia Kopp, da Universidade Federal de Goiás, também foi palestrante e dividiu a sua experiência durante a palestra. Convidada, ela falou sobre o impacto da maternidade na carreira acadêmica. Mãe de uma menina de um ano, Kátia usou os números e a experiência para compartilhar as dificuldades impostas apenas às mulheres, neste caso.
“É preciso que os ambientes acadêmicos se preparem para que a gente possa ser mãe e cientista”, explica. Ela conta que, na maioria dos casos, as mães só conseguem voltar a se dedicar aos estudos e à produção quando as crianças já completaram 3 anos. Enquanto isso, o ambiente competitivo retira oportunidades e atrasa o desenvolvimento delas frente aos seus pares.
(Colaboração: Mariana Rodrigues, estagiária de Jornalismo)
Fotos: Weslley Cruz