Mesa redonda debate tráfico de mulheres

O debate sobre tráfico de mulheres pautou a programação do 6º encontro do projeto Semeando Paz e campanha Não vai ter psiu, da Câmara de Goiânia, recebido pela PUC Goiás na noite desta quinta-feira, 5. As ações têm a parceria do Programa de Direitos Humanos (PDH) e do Programa Interdisciplinar da Mulher – Estudos e Pesquisas (Pimep), da Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil (Proex). Alunos e comunidade acompanharam mesa redonda, no Auditório 1 da Área 2. Cinco profissionais que pesquisam e trabalham com o tema apresentaram os seus desafios e as propostas para enfrentamento.

A profa. Aline Borghi representou o PDH e o Pimep, mediando os debates. Do curso de Relações Internacionais da PUC Goiás, ela ressaltou que o Estado é foco do tráfico de mulheres. “Temos goianas e goianienses sendo aliciadas para o tráfico com fins de exploração sexual. O tráfico está relacionando a dois problemas maiores: a globalização e as migrações internacionais, que se intensificaram profundamente nos anos 2000. O tráfico humano é algo difícil de ser tratado e enfrentado, porque é a parte negativa desses dois movimentos“, explicou, citando que as crises econômicas tornam as pessoais mais vulneráveis ao aliciamento.

Coordenador de Extensão da universidade, o prof. Leônidas Albano enfatizou a importância de a instituição participar do debate e do público presente atuar como disseminadores da discussão. “Fazer extensão na universidade é fazer com que todo conhecimento esteja engajado com as questões sociais”, ressaltou, citando os 12 programas que integram a coordenação e trabalham temáticas diversas.

Uma das debatedoras, a profa. Malu Moura, da PUC Goiás, compartilhou suas experiências no Observatório Latino-Americano sobre Trata y Tráfico de Personas (ObservaLAtrata),  que atua na identificação de casos. “Esse tipo de crime é uma violação dos direitos humanos e afeta as questões mais fundamentais do ser humano. O observatório tem reunido os países e as universidades para mostrar para a população que este tipo de crime existe e está ao nosso redor”, afirmou.

Campanha

Inspirada na campanha He for She – Movimento ElesPorElas, da Organização das Nações Unidas (ONU), a campanha Não vai ter psiu foi idealizada pelo atual presidente da Câmara de Goiânia, Andrey Azeredo, que participou do encontro na PUC Goiás. “Queremos discutir e buscar soluções por meio da conscientização e de políticas públicas efetivas para que tenhamos mais respeito e mais valorização dos direitos das mulheres”, frisou.

Ele lembrou os mitos que cercam o tráfico de mulheres, como a ideia de que ele é fruto da busca por “vida fácil”. O vereador citou pesquisa divulgada em 2016, do Data Folha e da Associação Mulheres Pela Paz, em que 55% dos entrevistados entendem que a vítima tem uma  parcela de culpa no crime. “Goiás, infelizmente, está no centro da rota do tráfico. E por que cresce tanto? É a terceira atividade ilícita mais rentável do mundo. Só perde o tráfico de armas e de drogas e movimenta hoje, no mundo, mais de US$ 150 bilhões, busca não só mulheres, mas também crianças”, ressaltou.

(Com a colaboração de Gabriel Araújo, estagiário da Dicom)

Fotos: Gabriel Araújo e Wagmar Alves