Curso de alfabetização encerra atividades do semestre

Atividade gratuita ligada à Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil (Proex) atende adultos de todas as idades

Para quem não sabe ler, tarefas simples como pegar um ônibus ou votar podem se tornar verdadeiras missões. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geogragia e Estatística (IBGE), o Brasil ainda tem 12,9 milhões de analfabetos, sendo 5,7% deles na nossa região Centro-Oeste.

Em Goiânia, desde 2015, o Programa de Educação e Cidadania (PEC) da PUC Goiás promove o curso de alfabetização para jovens e adultos, atendendo gratuitamente adultos e idosos. A última aula do ano foi realizada nesta segunda-feira, 4.

“Eles já vêm de um processo de exclusão”, lembra o coordenador do PEC, professor Adilson Alves da Silva. A dificuldade maior, conta, está na fragilidade da relação de cada aluno com com a própria formação. “A educação de jovens e adultos (EJA) tem, como consequência, uma evasão muito grande, por uma série de fatores como o trabalho, a vida pessoal e a vida financeira”, enumera.

A alta rotatividade é compensada, porém, com o imenso interesse dos estudantes pelo aprendizado. “Eles têm um compromisso muito grande. São pontuais, interessados. Quando não podem vir, não é incomum receber uma ligação como pedido de desculpas”, ressalta a professora Patrícia Loures, que acompanha as turmas.

Com matrículas durante todo o ano, o curso existe uma didática própria para que todos os alunos tenham seu aproveitamento garantido. “A cada aula, o tema trabalhado é o mesmo, mas vou graduando as dificuldades”, explica.

Para atender as especificidades de cada aluno, o grupo é dividido em dois: uma turma com pessoas de 18 a 59 anos, e outra com pessoas acima dos 60 anos, em parceria com outro programa extensionista da universidade, o Programa de Gerontologia Social (PGS).

Os pequenos grupos são atendidos por professores e acadêmicos voluntários, como a Klenne Pivoto, 41, do curso de Letras. “É um desafio, porque cada um tem sua dificuldade, mas podermos ajudar é algo incrível”, explica. A acadêmica está no 5º período da graduação e, após ter atuado no ensino de adolescentes por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), já compara as experiências. “É bem diferente porque aqui eles têm mais interesse, perguntam mais”, ressalta, ao elogiar a turma de adultos.

Uma de suas alunas é a diarista Cláudia Pristina Pereira da Silva, 48, que está participando das aulas há 15 dias. Última aluna a entrar, ela já comenta a experiência com um sorriso no rosto. “Tem sido uma bênção, uma oportunidade muito boa”, diz. Cláudia resolveu retornar aos estudos após ouvir sobre a oportunidade no rádio. Agora, que já trabalhou o suficiente para criar suas duas filhas, já casadas, e comprar sua casa própria, já pode tirar um dia da semana para se dedicar. “Parei de estudar quando era criança, com uns 10 anos. Se não trabalhasse, não tinha como comer. Era muito pobre”, explica.

Agora, se continuar os estudos, poderá ir além de assinar o próprio nome muito em breve. Alunos ligados há turma iniciada em 2015 já fazem atividades mais avançadas, como redações. “Eles fizeram questão de continuar conosco”, lembra a professora Patrícia Loures.

As atividades retornam em fevereiro, na Escola de Formação de Professores e Humanidades da PUC Goiás, no Setor Leste Universitários. Mais informações sobre o curso gratuito pelo telefone: (62) 3946-1618.