Cultura africana e povos originários pautam aula inaugural do Mestrado em História
Momento fundamental para a troca de experiências e conhecimentos entre alunos e egressos dos programas de graduação e pós da universidade, foi realizada na última sexta-feira, 24, no auditório da Área 2, a aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em História. A exposição convidou a Professora Rosinalda da Silva Simoni, doutora em Ciências da Religião pela PUC Goiás, para apresentar o resultado da sua pesquisa de pós-doutorado.
Durante a conferência, Rosinalda apresentou o mapeamento dos grupos africanos de origem iorubá dentro do movimento das congadas, através do seu trabalho; os usos do conceito de etnia iorubá no continente africano e na diáspora: questões conceituais e desdobramentos. A pesquisa surgiu a partir da necessidade de repensar o deslocamento dos povos africanos ao redor do Brasil, especificamente, nas capitanias dos Goyazes, cujo objetivo é incitar uma reflexão sobre os usos e desusos do conceito de etnia no contexto historiográfico brasileiro e goiano. Objetivo advindo a partir da constatação da pluralidade identitária dos africanos, dentre eles, os de etnia iorubá.
“Eu trago para essa roda, reflexões ancoradas em vários anos de pesquisa no âmbito, não apenas da história, mas de toda as ciências humanas que me atravessam e atravessaram durante esses mais de 20 anos de academia. Porém, eu quero pedir que considerem durante a minha leitura, que esse é um projeto de vida. Assim como todas as pesquisas de campo, é uma autoetnografia, e tem se desdobrado apontando para mim novos caminhos”, explica.
A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do programa da pós, com os desdobramentos das análises realizadas pela autora, desde a sua dissertação de mestrado e tese de doutorado, que acabou dando origem a um novo projeto, contemplado pela bolsa da CAPES.
Produto recente da pesquisadora, desenvolvido entre 2019 e 2021, Rosinalda não deixou de enfatizar a importância do financiamento para o aperfeiçoamento do seu trabalho, ao relembrar as dificuldades que enfrentou quando era voluntária e estagiária em pós-doutorado durante os quatro anos de estudos financiados do seu próprio bolso.
“Esse novo projeto, que está sendo desenvolvido através dos resultados da pesquisa que irei apresentar nesta conferência, possui financiamentos do CNPQ e da CAPES, cujo objetivo é mapear micro histórias de mulheres afro diásporas. Isso tem facilitado muito a minha vida, porque na primeira pesquisa, eu me financiei, então a bolsa possibilita não só a locomoção atrás desses arquivos iconográficos, considerando que eu estou trabalhando com documentação histórica, mas também facilita a possibilidade de disseminação do que a gente está descobrindo. Isso fomenta a pesquisa, que faz a pesquisa girar, porque o conhecimento só tem valor quando ele é divulgado, para que as pessoas possam tomar posse e refletir sobre essas descobertas”, comenta.
Thaís Alves Marinho, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História, destacou a influência e contribuição de Rosinalda para a historiografia e arqueologia goianas. Pesquisas que exploram a articulação entre arqueologia e história, justamente por tentar trazer à tona sujeitos históricos que foram subordinados ao longo do tempo.
Thaís também deu ênfase para a fundamental presença dos programas de graduação no espaço acadêmico, ao proporcionarem a continuidade do processo de formação dos alunos, trajetória que se inicia nos primeiros anos de formação, através da iniciação científica e projetos de extensão.
Texto: Juliano Cavalcante, estagiário da Dicom