Christiane Torloni retorna à PUC Goiás para pré-lançamento de longa documental

A noite da terça-feira, 9, foi histórica na Semana dos Povos Indígenas 2019. O Teatro PUC recebeu o pré-lançamento do longa documental Amazônia, o despertar da florestania (Christal Produções / Globo Filmes, 2019), com a presença dos diretores: a atriz e ambientalista Christiane Torloni e o cineasta Miguel Przewodowski. A exibição do filme, que entrará em cartaz no dia 9 de maio, foi seguida de mesa-redonda com os diretores, a líder indígena Elza Xerente, o professor Vilmar Guarani e o ambientalista e apresentador Paulo Souza Neto.

“A PUC Goiás foi nossa parceira no filme, por isso faz parte dos dez primeiros passos, digamos assim, que o filme tem dado desde que foi finalizado”, explicou a atriz. Antes da estreia nacional, os diretores têm percorrido espaços que foram importantes para a composição do filme e conversado com o público. “Precisamos ouvir o que sentem, abrir debates. Estamos começando a ver como as pessoas olham para o filme”, frisou Miguel, seu parceiro no projeto.

O evento foi um sucesso, com todas as mais de 500 cadeiras do Teatro PUC ocupadas para a exibição do documentário. Com a possibilidade de conversar diretamente com os diretores, os estudantes, lideranças indígenas e participantes da Semana dos Povos Indígenas aproveitaram para passar suas impressões e inquietações após assistirem. “Eu fiquei contente com o vídeo, com as imagens, porque representou bem. Quando tem conflito, eu saio para defender. Nós, indígenas, amamos muito a natureza. Me entristece muito que não respeita os povos indígenas. Pode ser que a gente acabe, mas iremos lutar com muita força”, disse Elza Xerente, que arrancou aplausos calorosos da plateia com sua fala e humildade ao se desculpar pela dificuldade em falar português. “Você fala muito bem”, replicou Paulo Neto, que mediou o debate.

Em um dos momentos de participação, a líder Suzana Xerente subiu ao palco. Olhando nos olhos da atriz, soltou: “você fala como indígena”. O ato emocionou Torloni. “Nós estamos juntas, mas eu quero que você faça mais”, pediu a líder, colocando na atriz o colar que carregava em seu próprio corpo até então. “Eu vou fazer, prometo”, reconheceu.

Acervo

O longa utiliza imagens das coleções do fotógrafo e documentarista Jesco von Puttkamer e do cineasta cineasta Adrian Cowell, ambos salvaguardados nos acervos do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA) da PUC Goiás. O primeiro contato para a utilização das imagens partiu da atriz durante suas pesquisas. Em 2014, visitou a instituição pela primeira vez, em busca da parceria. À época, o projeto ainda trazia o nome Amazônia – da cidadania a florestania, um despertar.

“Essas duas personalidades fizeram um inventário muito consistente sobre a Amazônia e comunidades indígenas durante mais de 50 anos. É um acervo muito requisitado por pesquisadores e cineastas do Brasil e de outros países”, explicou a diretora do Instituto, professora Eliane Lopes. “Esse arquivo é um tesouro, um material muito rico para quem quer entender a Amazônia e sua população. Estamos honrados por termos preservados o material desses dois pioneiros”, frisou o secretário estadual de Cultura, Edival Lourenço, que prometeu retornar à universidade para discutir ações de promoção da cultura a partir do acervo.

A Semana dos Povos indígenas é realizada na PUC Goiás desde a década de 1970 e, nesta edição é uma realização do IGPA da PUC Goiás em parceria com o Museu Antropológico da UFG e Conselho Indigenista Missionário.

Fotos: Ana Paula Abrão