Inclusão torna possível deficiente visual estudar jornalismo

Juliana Helena dos Santos, 18, é a mais nova aluna do curso de Jornalismo da PUC Goiás. A miudeza do corpo não indica a força da sua voz. Deficiente visual, ela chega à universidade para realizar o sonho de ser jornalista e ser a primeira, em casa, a ter um diploma de curso superior.

“O jornalismo está em mim desde que eu nasci, como uma vocação. E adentrando na universidade e sendo muito bem recebida, tenho certeza que é tudo que sonhei e mais um pouco”, explica a jovem.

A chegada só foi possível por causa do esforço de Juliana, do projeto de inclusão da universidade para pessoas com deficiência e do Vestibular Social. Ela foi uma dos mais de mil estudantes que participaram dos Encontros com Bolsistas, realizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil.

De um lar pobre, a mãe parou de estudar ainda jovem para criar sozinha a filha e se deparou com os desafios impostos pelo glaucoma congênito, que tirou grande parte da visão de Juliana. “Eu penso que uma pessoa para se desenvolver precisa de oportunidades e recursos e a PUC, por meio do Vestibular Social, nos oferece exatamente isso. O estudante de baixa renda, como eu, ter a oportunidade de se graduar”, afirma a futura jornalista sobre a bolsa de 50% oferecida pela instituição.

Na universidade, ela disse ter sido bem recebida desde o processo seletivo até a preparação do material em sala de aula. Nesta quinta-feira, 28, ela ouviu as boas-vindas da Reitoria e do reitor Wolmir Amado. O evento, realizado no Teatro PUC, recebeu bolsistas do Vestibular Social e do Prouni dos cursos de Direito, Jornalismo e Publicidade e Propaganda.

Foi onde Eduardo José de Souza, recém-formado em Direito, contou sua trajetória como estudante da PUC e como beneficiário da bolsa do Prouni. “A bolsa é uma porta de entrada muito importante para o estudante, porque as universidades públicas têm suas vagas limitadas e o Prouni possibilita a inclusão social do aluno que não tem como pagar um curso superior em uma boa instituição, como a PUC Goiás”.

Eduardo acredita que a experiência como bolsista despertou sua vocação para o direito público, área que pretende investir após a aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Sobre a experiência como bolsista, ele afirma que “a universidade é um espaço para o pluralismo e sempre tratou todos com igualdade, bastava apenas correr atrás das oportunidades”.

Sobre oportunidades e obrigações, a professora Márcia de Alencar, pró-reitora de Extensão e Apoio Estudantil, falou para os bolsistas durante toda a semana. Foram quatro encontros no total. “Os bolsistas são nosso compromisso com a melhoria da qualidade de vida da população mais pobre de nosso país, de nosso estado. E representa o esforço que a PUC faz, apesar dos programas de apoio estudantil estarem sendo massacrados pela política nacional e estadual. Compreendemos que os bolsistas representam o cumprimento da nossa missão”. A PUC Goiás possui hoje 15 mil bolsistas estudando.

Fotos: Weslley Cruz