Homenagens e resgate histórico marcam aula inaugural da Arquitetura

Com apoio de Denise Alves, estagiária de jornalismo da Dicom/PUC Goiás

Em meio a palmas e sorrisos, quem passou pelo auditório da Área 4 da PUC Goiás, no Setor Universitário, nesta segunda-feira, 17, se viu se viu imerso num universo de diferenças: cabelos brancos, negros, loiros e coloridos, de cortes tradicionais e “moderninhos”, de homens e mulheres com roupas sóbrias ou os com looks não tão tradicionais assim.

A diferença, claro, reflete a realidade do primeiro curso de Arquitetura e Urbanismo fundado em Goiás, há cinco décadas. A aula inaugural do curso, que tradicionalmente reúne os acadêmicos ingressantes, reuniu também alguns nomes que fizeram e fazem história.

“O nosso curso surgiu da antiga Escola de Belas Artes e foi o primeiro e o único de Goiás por 30 anos, então a paisagem da cidade tem muita influência de quem passou por aqui”, explica o diretor da Escola de Artes e Arquitetura da PUC Goiás, professor Marcelo Granato.

Para receber os novos alunos, foi preparada a aula Duas obras, suas lições, que resulta de um combinado de ações [em conjunto com uma exposição de mesmo nome] para homenagear professores em atividade desde a primeira turma do curso. “Uma das coisas que um profissional precisa é de referências, então pensamos nessas homenagens, ao longo do semestre”, explica o coordenador, professor Roberto Cintra.

Para iniciar a série de homenagens, que contará ainda com diferentes exposições e um encontro de egressos, em novembro, foram homenageados com a aula, os certificados de honra e a exposição os professores e arquitetos Antônio Lúcio Ferrari Pinheiro, 79, e Fernando Carlos Rabelo, 73.

Noite de reconhecimento

De uma antiga relação de professor e aluno, Antônio Lúcio Ferrari e Ronaldo Paixão hoje dividem as salas de aula do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Goiás. “Eu não me sinto tão colega, me sinto aluno ainda, pois todo dia aprendo com ele e divido sala de aula. Na verdade o que agora aprendo é ser professor com ele e isso para mim é uma honra. Me sinto privilegiado por isso”, ressaltou Ronaldo minutos antes de iniciar sua palestra na aula inaugural do curso.

Inspirado pela obra e trajetória antigo professor, Ronaldo, que hoje também atua na docência, baseou sua dissertação de mestrado na carreira de Antônio. Nela, trata todo o caminho percorrido pelo professor, desde sua formação em Belo Horizonte até o estabelecimento na cidade de Goiânia. “É muito importante para a escola e, sobretudo, para a Arquitetura em Goiás o reconhecimento da obra desse arquiteto”.

Com uma longa carreira e atuante na docência desde a fundação do curso na universidade, em 1968, o professor Antônio Lúcio Ferrari destacou sua dedicação pela sala de aula. “Sempre trabalhei e trabalho por vontade, não por dinheiro”, falou. Para ele, é importante o bate-papo com os alunos. “A arquitetura não tem uma verdade, a arquitetura tem verdades. Então tem de se discutir com o aluno para ver o que ele está pensando”, destacou.

Tão antigo de casa quanto Antônio, o professor Fernando Carlos Rabelo, também homenageado e reconhecido por outro ex-aluno [e hoje docente], comparou aniversários: o do primeiro ano do curso da então Escola de Belas Artes ao quinquagésimo da Escola de Artes e Arquitetura. “Quando comecei a universidade não tinha dez anos, agora caminhamos para os 60”, brincou. Entre mudanças no perfil dos alunos, na estrutura da universidade, da área e do curso no Brasil, ele segue tendo uma certeza. “Uma das coisas que eu sabia, além de que seria jogador, é que seria professor”.

As atividades seguiram na Galeria PUC, na Área 3 da universidade, que recebe exposição conjunta com parte da obra dos professores.

Fotos: Weslley Cruz