Debate sobre patrimônio e educação abre Semana dos Povos Indígenas

As cores e os ritmos dos indígenas Karajás, da Ilha do Bananal, deram o tom da abertura da Semana dos Povos Indígenas da PUC Goiás na noite desta segunda-feira, 16. Uma apresentação cultura da etnia deu início a programação do primeiro dia do evento, no Auditório da Escola de Formação de Professores e Humanidades (EFPH) da instituição. Estudantes, lideranças indígenas e pesquisadores lotaram o espaço para a conferência de abertura do evento, que tem como tema central Patrimônio em Ação: cultura material e educação.

Há mais de três décadas, a Semana é realizada pelo Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA) da instituição, com a colaboração das Escolas da universidade, além de parceiros externos. “A razão de ser do evento é a comunidade indígena”, frisou a coordenadora do IGPA, Eliane Lopes, em fala durante a abertura. Ela destacou ainda ampla participação, nesta edição, de graduandos oriundos dos povos indígenas: são cerca de 80 estudantes, de diversos cursos.

Entre eles, o calouro de Arqueologia da PUC Goiás Kamariwe Waurá, 26 anos, que veio de uma aldeia Xingu, no Mato Grosso. “O meu interesse ao fazer esse curso é poder, daqui para frente, ajudar meu povo na pesquisa de Arqueologia, pois temos muitos santuários sagrados”, comentou ao PUC Notícias, pouco antes da conferência que abriu a Semana.

Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da universidade, a profa. Milca Severino frisou a importância da cultura indígena para o Brasil. Ela ainda reverenciou o trabalho da profa. Marlene Ossami, coordenadora-geral da Semana dos Povos Indígenas. “Obrigada pelo zelo, pelo carinho, pela deferência aos povos indígenas”, ressaltou.

Patrimônio cultural e educação

A conferência de abertura do evento debateu o tema Patrimônio cultural indígena e educação. A mesa reuniu representantes indígenas como Leomar Waine Xerente, graduando em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG); e Antônio Veríssimo Apinajé, liderança do Tocantins; o representante do Conselho Missionário Indigenista (Cimi), Gilberto Vieira; e o antropólogo Manuel F. Lima Filho, da UFG.

O debate foi coordenado pela profa. Janaína Cristina de Jesus, coordenadora do curso de Pedagogia da universidade. Ela avalia que receber os povos indígenas na universidade “em um momento histórico de redução do lugar do diferente” é motivo de “muita honra”.

Representante dos Apinajés, Antonio Veríssimo relatou a emoção de estar na universidade contribuindo com o debate sobre a população indígena. “Sou agricultor e indígena. Ter a oportunidade de estar aqui, falando para uma plenária com gente com conhecimentos, saberes, mostra a valorização do conhecimento tradicional”, refletiu.

Programação

Além da conferência, o primeiro dia da Semana dos Povos Indígenas contou com as exposições Índios de Goiás, do artista plástico Edmar de Oliveira, e Povos Indígenas sob o olhar de Jesco Puttkamer, com a curadoria de Mariza de Oliveira Barbosa, do Centro Cultural Jesco Puttkamer da instituição. As mostram ficam no Hall da Escola de Formação de Professores e Humanidades até sexta-feira, 20, último dia do evento.

Nesta terça-feira, 17, a programação inicia às 8h30, com a mesa-redonda Justiça, Terra e Paz para os Povos Indígenas: fontes do bem viver, na Sala 406, da EFPH, no Setor Leste Universitário.

Nos quatro dias, serão abordados temas como as novas tecnologias de comunicação e o protagonismo indígena para a produção do conhecimento, a gestão territorial e o direito indígena, bem viver, e patrimônio e educação. Saiba mais no site do evento, clicando aqui.