Entre o lúdico e o social, Escola de Circo termina semestre com apresentação

Nos bastidores, olhos atentos e concentração máxima para a reapresentação do espetáculo Brincadeira é coisa séria, no picadeiro da Escola de Circo Dom Fernando (ECDF) da PUC Goiás, na região Leste de Goiânia, na noite desta terça-feira, 5. O grupo de 23 alunos – crianças e adolescentes atendidos pela iniciativa comunitária da universidade – ouviam atentos as orientações dos arte-educadores e as palavras de incentivo da coordenadora da Escola, a psicóloga Janaína Gomes de Souza, pouco antes do início da atividade de encerramento do semestre. O espetáculo já havia sido apresentado em maio deste ano, durante a inauguração da nova lona.

No palco, o que viu foi o resultado das oficinas realizadas no espaço, que atendeu, ao todo, 98 estudantes da região. “O espetáculo fala da erradicação do trabalho infantil e é um pouco do que fazemos ao longo do semestre, em que trabalhamos direitos, deveres e o protagonismo das crianças e dos adolescentes”, explicou a coordenadora da Escola, ressaltando a alegria de receber escolas da região e famílias dos estudantes.

A pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis, profa. Márcia de Alencar, agradeceu aos moradores da região Leste pela presença no espetáculo, ressaltando que a Escola “já está enraizada nesta comunidade.” Ela destaca o uso da linguagem do circo como instrumento de inclusão social das crianças e dos adolescentes, oferecendo um espaço lúdico e de aprendizado para a cidadania. “Para além de um projeto de extensão, é uma escola de vida, que usa o curso social para ensiná-los a construir seu futuro com esperança, a ser gente com direitos e sujeito consciente para lutar por uma vida melhor, por uma região mais justa, mais fraterna, sem violência”, define.

Para a diretora do Instituto Dom Fernando (IDF), Beth Bicalho, lembrou que “fazer extensão” é levar saber para a comunidade, “mas também saber ouvi-la nas suas necessidades”. Ela ressaltou que a Escola de Circo é uma “fábrica do bem”, com a função de “formar e proteger” as crianças da região. “Nosso recado é o da cultura de paz, de ver que um outro mundo é possível, com saberes construídos com base no respeito às diferenças”, enfatizou.

Mudança

Da plateia, a atendente Marilu Silva Desideria, 34 anos, moradora da Vila Pedroso, acompanhava atenta o desempenho dos filhos Ively, 10, e Welsson, 12, alunos da escola há quatro anos. Nesse período, segundo ela, as mudanças no comportamento dos adolescentes foram grandes. “Antes, eles ficavam mais ‘recanteados’, não conversavam com as pessoas. Agora, conversam, estão mais participativos e mais responsáveis. Nunca mais fui chamada no colégio por causa de reclamação. A Escola de Circo foi uma verdadeira bênção para a vida deles”, exemplifica.

Quem também acompanhou a apresentação foi a coordenadora do curso de Pedagogia da universidade, profa. Janaína Cristina de Jesus. A Escola de Circo é campo de estágio para os alunos da graduação, que ficam no projeto de extensão durante um ano. “Neste semestre, tivemos 14 alunos da Pedagogia”, informa. O estágio dura um ano, segundo ela. No primeiro período, eles fazem uma observação das atividades e montam um projeto, que é colocado em prática na etapa seguinte. “A Escola de Circo é um ambiente altamente formativo”, frisa.

Fotos: Wagmar Alves