Evento apresenta uso do canabidiol para tratamento de autismo
Alternativa terapêutica para pessoas com autismo, o uso do óleo da cannabis – ou canabidiol – foi tema de palestra organizada pela a Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Goiás (AMA Goiás) na PUC Goiás, na noite desta sexta-feira, 2. O evento, que contou com o apoio do curso de Fonoaudiologia da universidade, reuniu pais, estudantes e profissionais no Auditório da Área 2, na Praça Universitária. O assunto foi abordado pelo prof. Paulo Fleury Teixeira, médico especialista em medicina preventiva e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O especialista abriu sua fala fazendo um apanhado histórico do uso da maconha no mundo, seja para fins terapêuticos ou recreativos, passando pela utilização na indústria – a fibra tem um grande potencial industrial – e nas religiões. O uso do extrato de maconha como medicamento é autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em casos específicos, mas ainda enfrenta entraves burocráticos. “Estamos falando de um fitoterápico que exatamente essa planta que conhecemos”, esclarece.
Segundo Fleury, o canabidiol atua estabilizando a atividade neurológica do paciente e permite um controle dos diversos distúrbios associados ao autismo, como crises convulsivas e distúrbios comportamentais. “Os medicamentos hoje utilizados conseguem um controle parcial (das crises, insônia), mas raramente ajudam no desenvolvimento de crianças e adolescente. É nesse ponto que nasce a necessidade de alternativas terapêuticas”, explicou, citando ganhos de fala e de cognição com o uso do canabidiol.
De acordo com o médico, o extrato da maconha atua em todos os sinais e sintomas do autismo. “Nenhum outro medicamento faz isso, e com baixíssima toxicidade”, frisa.
A presidente da AMA Goiás, Cássia Gouveia, explicou que o objetivo da palestra é debater o tema de forma mais aberta. “Que seja um pontapé para a mudança de paradigmas no meio médico. O canabidiol é uma esperança para nós, pais, quando o tratamento com drogas convencionais não surta os efeitos desejados”, salientou.
Neste fim de semana, o médico atenderá 18 autistas da AMA Goiás para avaliar a possibilidades de incluí-los na rede de tratamento com canabidiol. A intenção da entidade é entrar com um recurso para que o custo do medicamento seja pago pelo poder público.