Arte contra o racismo

Em seu primeiro evento de 2017, o Programa de Estudos e Extensão Afro-brasileiro (Proafro) da PUC Goiás recebeu o lançamento do livro Teatro Experimental do Negro em Goiás, do historiador e advogado Martiniano Silva, na noite desta sexta-feira (17). Realizado em formato de roda de conversa e com intervenções artísticas, o evento foi realizado no saguão da Escola de Formação de Professores e Humanidades da universidade, no Setor Universitário, e contou a com a participação de alunos, professores e comunidade.

A coordenadora do programa, profa. Janira Sodré, diz que o evento tem como o foco a resistência pela cultura. “Queremos reafirmar a força da cultura negra como espaço da força civilizacional que as populações de origem africana trouxeram e que dão. Estamos aqui presentes e resistentes”, ressaltou.

Ela destacou a importância do trabalho de Martiniano no diálogo do movimento negro em Goiás com importantes figuras de expressão nacional, como o senador Abdias Nascimento, a antropóloga Lélia Gonzalez, e o sociólogo Clóvis Moura. “Martiniano foi o primeiro acadêmico que se dedicou aos estudos sobre negros em Goiás. Ele participou da reorganização do movimento negro, na ditadura militar, e, aqui, ele era um líder”, frisa, ressaltando o papel do autor como pesquisador, embora não esteja vinculado à academia.

Amigo de Silva há quase quatro décadas, o prof. Joãomar Carvalho, do curso de Jornalismo da universidade, lembrou a influência de sua obra na sua carreira acadêmica – o trabalho foi usado em seu doutorado, cursado em Paris. “Esse escritor inquieto tem uma obra marcante na historiografia de Goiás e do Brasil. Ele é, sobretudo, um militante da liberdade”, define.

O livro
A obra Teatro Experimental do Negro em Goiás é a 20ª lançada pelo escritor Martiniano Silva. Baiano radicado em Goiás há quase cinco décadas, ele reconta no livro a história da chegada desse conceito artístico em no Estado, no final da década de 1970. “A gente sente sensibilizado em encontrar na PUC Goiás, por meio do Proafro, o apoio para lançar o livro”, afirmou, acompanhado pela esposa e pelo filho, que estiveram no evento.

Também autor do livro Racismo à Brasileira: Raízes Históricas, Silva diz que o objetivo da nova obra é lutar contra o racismo, por meio da arte. “Me veio a ideia de fazer teatro. Surgiu esse conceito de teatro experimental do negro, que é de protesto, engajado, veio da França, esteve na Alemanha e chegou no Brasil na década de 1940, por meio de Abdias Nascimento. E nós trouxemos esse teatro para Goiás, em 1979”, recorda.

No evento, trecho da peça Auto de Zumbi, escrita por Martiniano, foi apresentada por grupo de Mineiros, cidade onde ele reside hoje, além do Grupo de Capoeira Angola do Proafro e de Eli Barretos, com o Quilombo Recantos Dourados, de Abadia de Goiás.

Agenda
Além do lançamento do livro, o Proafro tem outras atividades programadas para este mês. Na segunda-feira (20), a equipe do programa participa de posse da Comissão Permanente de Políticas Públicas de Igualdade Racial do Instituto Federal de Goiás (IFG), às 10 horas, no Auditório Djalma Maia, na capital.

Na terça-feira (21), às 19 horas, ocorre reunião com a equipe do programa para definir temas e calendário do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiro (Neab), na sala do Proafro. O grupo de estudos retoma as atividades em março. Já na quarta-feira (22), a coordenadora do Proafro, profa. Janira Sodré, participa de reunião com a equipe da Campanha da Fraternidade/2017, no Gabinete do Reitor, às 14 horas.

Na quinta-feira (23), às 19h30, a coordenação do programa estará na reunião da Marcha de Mulheres Negras/Greve das Mulheres, da qual participará no dia 08 de março. Já na sexta-feira (24), tem Projeto Capoeira e Educação, no NAC, no Setor Universitário, às 19h30.


Fotos: Wagmar Alves