Conferência encerra preparação para o Congresso Internacional em Ciências da Religião
O traço sacramental da arte cristã foi o tema da conferência ministrada pelo arcebispo metropolitano e grão-chanceler da PUC Goiás, dom João Justino, na noite da última segunda-feira, 17, na Paróquia Universitária São João Evangelista (Parusje).
Esse momento foi uma atividade de transição entre o pré-congresso e o XI Congresso Internacional em Ciências da Religião da PUC Goiás, cuja abertura oficial será na noite desta terça-feira, 18, no auditório da Escola de Formação de Professores e Humanidades (EFPH).
Com uma conferência que se debruçou no horizonte da teologia, da pastoral, da sua formação acadêmica e no exercício do seu ministério episcopal, dom João Justino ressaltou a importância da arte para formação humana, sugerindo os laços profundos entre religião, arte e cultura.
Convite à transcendência
De acordo com o arcebispo, esses laços estão na gênese de cada uma das vivências do ser humano e, certamente, não é fácil separar essas experiências entrelaçadas.
“Podemos dizer que a arte nos eleva, nos chama para o alto, nos chama à transcendência. Não só a arte cristã, mas outras expressões artísticas possibilitam isso às pessoas”, refletiu.
Ao mesmo tempo, o religioso sinalizou que a arte, além de ser um objeto de estudo para os pesquisadores da religião, da arte e da cultura, é oportuna para todos aqueles que desejam evangelizar nos dias de hoje, afinal o divino se revela em linguagens compreensíveis para o ser humano.
“É sempre valiosa a compreensão mais ampla da cultura, pois não se evangeliza pessoas em abstrato. A afirmação que pretendo ilustrar está subjacente no título desta palestra: há um traço sacramental na arte cristã. O que chamo de sacramental numa obra artística chega a tocar em nós como um apelo transcendental”, ressaltou.
Analisando os desafios dos tempos atuais, dom João enfatizou que é preciso insistir em uma educação para as artes no âmbito familiar e escolar. No primeiro ciclo social, sugeriu que os pais coloquem na mão dos seus filhos instrumentos que estimulem as artes, a pintura, o desenho e outras manifestações artísticas.
Já na formação escolar, ele analisou: “quanto mais investirmos na perspectiva da arte nas escolas, certamente vamos ter uma cultura mais enriquecida e até mais equilibrada diante de tantos desafios que estamos vivendo nesses tempos, atingindo nossas sociedades”, complementou.
Fizeram saudações de acolhida ao público, a reitora da PUC Goiás, Olga Izilda Ronchi; o vigário episcopal para Cultura e Educação da Arquidiocese de Goiânia, padre David Pereira de Jesus; o presidente do Congresso, prof. José Reinaldo, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, e o ex-reitor da PUC e secretário-geral da Sociedade Goiana de Cultura, Wolmir Amado, que também foi o moderador da conferência.
O Congresso
Promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da universidade, o XI Congresso Internacional em Ciências da Religião registra 742 inscritos, 263 apresentações científicas e pesquisadores de 11 nacionalidades diferentes, com a discussão do tema central Religião, Arte e Cultura: multiplicidades convergentes.
Presidente do evento, o prof. José Reinaldo ressaltou que a relação entre religião e arte é fundamental e de longa data. “Talvez a religião seja o assunto mais retratado por todas as expressões artísticas. E a arte, por outra vez, deu a possibilidade para as pessoas que creem materializarem o objeto de sua devoção. Dizer que o ser humano é muito mais que simplesmente reflexão, também é sentir e experenciar, é muito importante para a formação integral de cada um”, refletiu.
Concerto
Após a conferência do arcebispo, a Orquestra Sinfônica, Coro Sinfônico e Coro Sinfônico Juvenil de Goiânia apresentaram um concerto de música sacra, sob condução do maestro Vinicius Guimarães.
Também esteve presente no evento o compositor goiano Fernando Cupertino, autor de uma das partituras apresentadas na noite, Missa Regina Coeli: Kyrie – Gloria – Sanctus – Benedictus – Agnus Dei, que foi feita, especialmente, a pedido do arcebispo emérito de Goiânia, dom Washington Cruz, em comemoração aos 60 anos da Arquidiocese de Goiânia.
Também foram apresentadas as melodias Te Deum, do Acervo Balthasar de Freitas, com edição de Marshal Gaioso e Te Deum Festivo (do Acervo Balthasar de Freitas, com edição de Marshal Gaioso), ambas de autoria anônima, datadas do século XIX e a Missa in Honorem Beata Maria Virginis: Kyrie – Gloria – Credo – Sanctus – Benedictus- Agnus Dei, de Jean Douliez.