Pioneirismo: universidade reúne os primeiros arquitetos formados em Goiás

Uma turma de formandos do dia 16 de dezembro de 1972 e que leva o nome de Frei Nazareno Confaloni tem muita história para contar às gerações atuais. Naquele dia histórico, o curso de Arquitetura e Urbanismo da então UCG graduava os primeiros arquitetos e arquitetas de Goiás.

Cinquenta anos depois, os mesmos egressos retornam à casa para celebrar essa trajetória, reencontrar os colegas e uma universidade, que continua a mesma na essência, mas que se transformou ao longo das décadas.

A cena descrita pautou a comemoração alusiva aos 50 anos da primeira turma do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Goiás. Em um evento marcado pela emoção do reencontro, a Escola Politécnica e de Artes acolheu na noite da última sexta-feira, 16, os egressos que cravaram seu nome na arquitetura goiana.

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Entre os convidados, nomes que transcendem ao tempo cronológico: Amaury Menezes, Elder Rocha Lima, Marta Horta Figueiredo, entre tantos outros, cuja trajetória vai muito além dos muros da universidade.

Anfitrião do evento, o coordenador do curso, prof. Frederico André Rabelo, exaltou o pioneirismo do grupo, pontuando que o curso de Arquitetura e Urbanismo da instituição é o mais tradicional de Goiás, sendo o segundo do Centro-Oeste (o primeiro foi criado na UnB, na década de 1960) e 11º no Brasil.

“ É um motivo de muito orgulho para todos nós, mostra a tradição do nosso curso, que foi o primeiro de Goiás, então estamos fazendo uma homenagem a essa turma, que terminou o curso em 1972. Para o nosso curso é muito importante a presença deles e ainda mostra a perseverança deste pessoal que teve muito ônus por ser pioneiro”, ressaltou o atual coordenador.

Ele também destacou que o curso chega em 2022 em uma evolução constante, sempre buscando avanços no seu projeto pedagógico, atento às inovações, mas sem esquecer a tradição.

Ícones da cultura goiana

Quem fez questão de prestigiar o evento foi Elder Rocha Lima. O pintor, desenhista, arquiteto, professor, entre tantas atribuições, fundou junto com a equipe que trabalhava com Frei Confaloni, o curso de Arquitetura e Urbanismo da então Universidade Católica de Goiás.

Homenageado com o título de doutor honoris causa da PUC no ano de 2011, Elder, cuja obra é patrimônio de Goiás, esbanja simpatia e bom humor, aos 94 anos de idade. Em uma parte do seu discurso, ele fez questão de enfatizar a amizade com o primeiro diretor da Escola de Artes e Arquitetura da universidade, que é outra lenda viva da cultura goiana: Amaury Menezes, sentado ao seu lado na mesa diretiva.

“Nós fomos colegas de Lyceu, o Amaury jogava basquete muito bem e ele foi meu professor, quando eu comecei a pintar, ele próprio me sugeriu que eu iniciasse a aquarela, uma técnica aparentemente fácil, mas muito complicada. Fiz um curso com ele por telefone, porque eu estava morando em Brasília e assim a gente trocava ideias”, disse, arrancando risos da plateia.

Ele também resgatou a história da fundação do curso, o seu vínculo e a dedicação à universidade, enaltecendo a emoção por retornar à PUC, depois de tanto tempo.

 

Goiânia, a menina dos olhos

Também  na mesa diretiva, uma mulher que é exemplo de liderança feminina e compromisso com a gestão pública. Natural de São Paulo, Marta Horta Figueiredo de Carvalho, 76, veio à capital goiana para estudar. Nesta terra, a pioneira não só construiu sua trajetória profissional, como também seu projeto de vida. Emocionada ao reconstruir esses passos, ela se refere à Goiânia como “minha menina” e tem muita propriedade para falar sobre ela, afinal a arquiteta trabalhou em todos os planos diretores da cidade, ora como gerente, ora como coordenadora.

Além de uma vida dedicada ao serviço público, Marta tem uma biografia muito atrelada à universidade e faz questão de registrar sua passagem pela instituição.

“Nós praticamente fundamos a Escola, todos empunhados do mesmo desejo, da mesma esperança de conquistas e é isso que estou sentindo. Enquanto eu estava estudando, fui bolsista de trabalho dentro da universidade e depois estagiária na Assessoria de Planejamento da Reitoria. Eu tive oportunidade de lidar com todas as atividades que a universidade oferecia e o grupo que me acolheu foi maravilhoso, pois percebia que havia uma sementinha que eles podiam cultivar com bons ensinamentos, com ética, justiça e aprimoramento social, então isso foi muito bom pra mim”, ressaltou.

Destaque no empreendedorismo

Com amplo leque de atuação, a Arquitetura também desemboca no empreendedorismo. Profissional deste nicho, Vicente Porfírio Pessoa, 80 anos, destacou a sua trajetória de superação, pautada por altos e baixos, mas, sobretudo, pela satisfação por ter alçado voos altos na carreira. Um autêntico construtor de sonhos, o veterano é proprietário da Tapajós Engenharia e partilhava sorrisos e muita prosa com cada amigo que reencontrava na universidade.

“Estou muito feliz do que eu fiz e do que vivi, é uma lembrança de 50 anos. A Universidade foi tudo na minha vida, eu achei o meu lugar e trabalho até hoje, visito meus prédios, obras e atendo todos os dias”, declarou o empreendedor.

A cerimônia foi prestigiada pelo colegiado do curso de Arquitetura e Urbanismo, direção da Escola Politécnica e de Artes, estudantes, ex-funcionários da década de 1970 e familiares dos homenageados, que lotaram o auditório da Área 3.

Fotos: Weslley Cruz