Debate sobre desinformação e democracia encerra Semana Jurídica

Com sucesso de público e grande projeção, o Centro Acadêmico Clóvis Bevilácqua, do curso de graduação em Direito da Escola de Direito e Relações Internacionais da PUC Goiás, concluiu na noite desta sexta-feira, 1º, a Semana Jurídica 2019, com a mesa de debate Fake News: ameaça à democracia brasileira, que contou com a presença da jornalista Manuela d’Ávila. O evento lotou o auditório da Escola de Formação de Professores e Humanidades (EFPH), no Setor Leste Universitário, e contou com ampla participação do movimento estudantil, professores, representantes políticos e da sociedade civil.

Com um fluxo de mais de quatro mil pessoas ao longo da programação, que foi iniciada na segunda-feira, 28, o evento buscou problematizar o papel do jurista na defesa do Estado Democrático. “Conseguimos atingir nosso objetivo de discutir um Direito mais plural e humano, de mostrar ao estudante que o Direito não é só técnica”, explicou o diretor de comunicação do C.A., José Carlos Almeida. O diretor ainda destacou a importância do evento para a região, já que o curso é o maior do estado em número de estudantes.

Diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Goiás, Thais Falone apresentou ao público um pouco da história da entidade e do movimento estudantil no país, além de lembrar eventos recentes no estado. “Visto essa camisa com muito orgulho e prazer”, disse, além de ressaltar que, como um movimento historicamente em defesa da democracia, a UNE e toda a classe estudantil organizada estão atentos aos fenômeno da desinformação e das fake news.

Muito aplaudida pelos estudantes, a professora Fernanda Borges representou o corpo docente da PUC na mesa e refletiu sobre os desafios atuais da comunicação na nossa sociedade e os caminhos apontados por nossa Constituição Cidadã de 1988. Pontos como a regulação da mídia e o aumento da transparência e da confiança no jornalismo foram abordados. Sobre o evento, a professora e socióloga foi elogiosa ao dizer que a programação era “um apanhado de temas super importantes”, que não poderiam ser ignoradas pela academia.

Sobre liberdade

Grande estrela da noite, a jornalista Manuela d’Ávila foi ovacionada pela plateia. Vítima de ataques massivos de desinformação no último processo eleitoral, Manuela falou de luta, liberdade e do tempo de estudante, quando participou da UNE e visitou os congressos em todo o país, incluindo os eventos em Goiânia. “Estou muito feliz em voltar”, enfatizou. Observando a plateia lotada, destacou a forte presença de docentes e pesquisadores, algo que apontou ser “infelizmente incomum” em eventos estudantis, mas que é fundamental para o fortalecimento da articulação entre a comunidade acadêmica, líderes regionais e gestores das instituições de ensino.

A presença da jornalista também foi marcada pelo lançamento de seu mais novo livro, Por que lutamos? Um livro sobre amor e liberdade. O título, destacou, é uma amostra do esforço apreendido para trazer para uma linguagem simples e leiga conceitos sobre o feminismo e conceitos elementares da luta das mulheres, visando atingir quem não se considera feminista ou quem não entende do assunto – o que, consequentemente, pode incluir uma parcela de pessoas que disseminam informações inverídicas e ociosas sobre o movimento. “Nós não vivemos um momento qualquer no nosso país”, refletiu. “Se tem uma coisa que o movimento feminista não é, é um movimento de ódio, como as fake news tentam dizer”, esclareceu.

Ainda sobre a desinformação e o fenômeno das chamadas fake news, a jornalista e escritora alertou para a importância de conhecer o processo em profundidade para combatê-lo, sem ignorar sua potencialidade e suas estratégias. “São fenômenos que caminham articuladamente, como elementos que estruturam as ameaças à democracia e não como elementos superficiais”, afirmou.

Fotos: Ana Paula Abrão