Conferência internacional discute educação para a velhice
Repensar a velhice a partir da universidade: este é o desafio proposto pela programação da IV Conferência Científica Internacional de Projetos Educativos para Seniores, realizada pela primeira vez no Brasil, a partir desta quinta-feira, 3, na PUC Goiás. No palco e na plateia, o protagonismo de quem tem mais de 60.
Na abertura, no Auditório da Área 6, as alunas da Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati) fizeram uma apresentação que emocionou o público presente e abriu o evento. Com poesia e prosa, elas falaram sobre tradições e memórias e trouxeram emoção para as discussões da programação. Na sequência, convidados foram recebidos pelo reitor da PUC Goiás, professor Wolmir Amado, pela pró-reitora de Extensão e Apoio Estudantil, Márcia Alencar, pela coordenadora de Extensão, professora Denize Daudt e a coordenadora do evento, Lisa Valéria Vieira Tôrres.
Esta é a primeira vez que o evento é realizado em uma universidade e fora de Portugal. A PUC Goiás foi escolhida pelo trabalho de 27 anos da Unati e articulação da professora Lisa, como vice-presidente da Associação Estadual de Proteção da Pessoa Idosa e do trabalho junto à Associação Rede de Universidades Abertas à Terceira Idade de Portugal (RUTIS). Em 2025, o Brasil terá a 6ª população mais idosa do mundo. “As discussões são prementes e emergenciais. A pauta do envelhecimento já está na agenda mundial e o Brasil já deixou de ser o país da juventude”, afirmou ela.
A universidade intermedeia a mudança de olhar para a velhice, segundo a professora Lisa. O evento trabalhará três eixos: educação para o bem-estar, educação para sustentabilidade e educação para o empreendedorismo. Após a abertura artística, no Auditório da Área 6, a programação recebeu o diretor do Departamento de Atenção ao Idoso do Ministério da Cidadania, Leonardo Milhomem, que falou sobre o tema Envelhecimento, educação e sociedade. O evento é organizado pela Associação Rede de Universidades Abertas à Terceira Idade de Portugal (RUTIS) e Rede Internacional de Projetos Educativos para Pessoas Acima de 50 (RIPE+50), além do Programa de Gerontologia Social da universidade, que organiza o evento.
O professor doutor Ricardo Filipe da Silva Pocinho, do Instituto Politécnico de Leiria (Portugal), participou do primeiro dia de programação e falou da importância da Universidade enquanto espaço de desenvolvimento de investigação de partilha de conhecimento. “O que trago hoje é a importância da Universidade que nos próximos anos tem que produzir conhecimento não só para a valorização de currículos dos seus alunos, mas sobretudo para partilhar com a comunidade, com as instituições até para que elas se adaptem”, afirmou ele, citando como desafio a sobrevivência dos mais velhos, a estruturação dos ambientes de trabalho e escolares, dos serviços de saúde e das relações familiares.
Também palestrante, António Camilo Cunha, professor doutor do Departamento de Teoria de Educação, Expressões Artísticas e Educação Física da Universidade do Minho-Braga, falou de um olhar da educação sobre a velhice enquanto temática humana. “Temos que nos perguntar afinal o que é humano, vamos ver que o humano é um ser com características e capacidades muito particulares, vamos ver que o humano é um ser de relação, que o humano é um ser de alta projeção, tem criado o real, mas também vai criar o simbólico e vamos ver uma quarta vertente que o humano é um ser em caminhada, caminhada do Gênesis ao Apocalipse com a destruição e estamos ver esse mundo percorrer esse caminho”.
Ao receber os convidados, o reitor Wolmir Amado se emocionou e se lembrou da avó e da infância no Rio Grande do Sul. Falou da importância do trabalho da PUC Goiás e afirmou que o evento abre oficialmente as comemorações do Jubileu de Diamante. “Esta conferência reafirma a vocação e a identidade comunitária e o compromisso social desta instituição. Celebra a história que passa pelos caminhos inter geracionais, tudo foi foco,atenção e sensibilidades desta universidade”, disse.
Aluna da Unati, Aparecida Rosa, 63, foi uma das artistas que se apresentou no palco em um trabalho coordenado pelo diretor Danilo Alencar. A experiência é relatada como maravilhosa. “Eu vejo que a terceira idade tem muito ainda para ensinar, mas tem muito o que aprender também, nós precisamos de graduar-nos, tem muitos aí que pararam, eu parei de estudar e agora voltei novamente, a minha intenção é que esse estudo cresça, que seja progressivo”.
A Conferência tem como tema geral A Universidade como Mediadora de Novas Práticas na Velhice. O evento conta com a participação de palestrantes do Brasil e do exterior, que promovem uma discussão sobre a velhice, tendo a universidade como espaço mediador para reflexões sobre as práticas.
(Com colaboração da estagiária de Jornalismo Izabella Moura)
Fotos: Wagmar Alves